Prima-dona Primavera




As flores derramam seu perfume intrínseco em minha memória,

Lembranças da infância, do asfalto úmido e das sapatilhas arrastando na calçada.

A memória codificada da brisa alerta ao entardecer,

E meus passos largos amaciavam os pés ao chão.

E a primavera abrindo um sorriso largo,

Na minha infinda magnitude do pesar.

As pernas debruçadas na solidão exaustiva,

Declamando a chegada das flores...

Meus braços agarram sua presença,

Levando ao peito a maciez e delicadeza

De uma Primavera desenhada em guache ou fotolito,

Aspirando a incerteza corriqueira,

Num poema, num cinema, na coxia do Teatro,

Nas paredes, nas escadas, poltronas, camarins,

Nos asilos, nas montanhas, no teu beijo ou afago,

Nos jardins de Ferro e vidro das cidades,

Nas luzes à noite, nos becos e em belas canções,

Deslizando nos vestígios de papel, qualquer rabisco...

2 comentários:

Daniel disse...

Noturnos...

Diana Magnavita disse...

Sempre!

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