
Numa noite, ainda que por pouco tempo, sentada diante da minha única lembrança sua. A pequena bailarina de porcelana que você me deu. Ainda me pergunto como pude deixá-lo ir, mesmo que assim tão próximo. Você sempre foi muito inconstante e não saberia prender-se a alguém tão facilmente. Então, a bailarina me deixa reflexiva. Onde estará você, agora? No silencio tumultuado da sua própria esperança. Alma gêmea despedaçada em sonetos de solidão, vinho derrapando pelas paredes geladas, uma linha de fogo na fogueira que desfalece entre mim, você e o nada. Você sempre se perguntou sobre o poder dos olhos, mas nunca descreveu um só pensamento que defendia, ao observar toda e qualquer criatura ou objeto.
A chuva rasga o parapeito da janela e as vidraças, o vento uiva como um amante dolorido de paixão avassaladora. O amor café com leite, sentado, disparando tiros de escopeta imaginaria em sapatilhas revestida de agonia. Sua verdade me incomoda. Você era intenso. Tipicamente escorpiano, em palavras, toque e reações que me estremecia. Uma sombra na minha vida, uma imensa mancha de boas lembranças, lacuna de desejos inconformados. Sua figura me assombra e nem sei quem você é de verdade.
As traduções das linhas das mãos se desmancham e você esta no escuro desesperado, pedindo para nada ter sido em vão. Nos vemos através do espelho dos nossos olhos e podemos sentir a presença quase platônica. Todas as bobagens de amantes, todos os sorrisos sem sentido, toda futilidade do ser apaixonado. Trajados em sentimentos ternos e ingenuidade. Um longa metragem romântico da década de 60. você não consegue enxergar nada do que digo, pois seu olhar está vidrado nos meus. E eu consigo sussurrar minhas ultimas palavras: te espero no sanitário do bar.
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:O
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