Fotografia e texto Diana Magnavita

Eu sempre gostei de apreciar o mar. A minha infância eu tentava desvendar os mistérios do infinito oceano. O medo e a paixão se misturavam cada momento que encarava a imensidão azul, como no amor. Acho que foi assim que descobri o amor. Aquilo que arde, queima e machuca, deixando-nos perplexos, levando nossas lágrimas e sorrisos. Eu não costumava entrar no mar, gostava de observar as ondas indo e vindo infinitas vezes e algumas deixava molhar meus pés sujos de areia.
Pensava nos mistérios do universo, no "ser ou não ser? eis a questão."
O que mais me preocupava era acreditar no que me contavam sobre Deus. Minha infância inteira estudei em colégio católico de freiras, então esse Deus estava sempre presente no dia a dia da escola, mas para mim ele era apenas um enorme ser que segurava o universo com as mãos e nós meros seres mortais servíamos de marionetes para este ser superior que nos conduzia e mostrava seu poder através das forças da natureza.
O que pensar sobre a religião quando se é tão pequeno? O que pensar uma criança sobre seu destino e seus caminhos bons e ruins. É cruel dar o livre arbítrio para esta criança que não sabe nem ao certo o lado da calçada que deve pisar, ou nem mesmo sabe nadar, ou morre de medo ao dormir e segura as mãos da mãe ou do pai e teme a escuridão até mesmo quando já não é mais tão criança.
Mas deus permanece em sua enorme cocha de estampas estreladas azul celeste que com o adormecer das luzes aparecem gradativamente homenzinhos com velas acesas, que chamamos de tão distante: estrelas. São os amigos de Deus que seguram as velas para que nós não fiquemos com tanto medo do escuro, mas estamos por baixo da cocha, parece aconchegante e ao mesmo obscuro. Esse Deus nos maltrata, nos faz chorar, nos ama e nos trai como um mero mortal? Ou ele simplesmente nos manipula como se faz com marionetes e nosso livre arbítrio na verdade é predefinido por esse gigantesco ser sobrenatural?
A existência é um segredo irrevelável e nós somos os mistérios a ser desvendado, mas como se nós não podemos descobrir nem mesmo o lençol onde Deus nos sufocou e não podemos olhar sua face, pois somos prisioneiros, eternos amantes desse mundo, amantes de nós mesmos, despreocupados com o outro e com o ambiente, somos Deus: Sua imagem e semelhança.

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