
Se um dia houve flores nesse jardim,
Murcharam todas ao lado das minhas lágrimas.
Se havia luz durante o dia,
Houve um black-out com minha partida.
E nessa vida, de ida e volta,
De saída sem partida,
De entrada sem despedida,
E esse infortúnio que é saber o que se quer na vida.
Quem nunca amou aquele ser sempre odiado?
Quem nunca foi o odiado amado?
Nesse estádio de palavras e pessoas de línguas dormentes
Que sussurram chuva pelos campos ausentes.
Ah, dessa mesma paisagem me despeço só,
Com meus olhos duros, já não olho para trás,
Já nem sinto dor...
E todas as ruas que caminhei, todo cigarro que traguei,
Todo vinho, todo livro, que oras, degustei.
De todo cinema e todo amor,
De todo sexo e todo odor,
De todo medo calafrio, cobrança,
De toda doença, comida se cansa.
E eu cansei das passagens que toda via passei,
De toda rua que meus pés caminharam,
De todo chão por eles pisado,
E cansei dos seus insultos,
Dos seus surtos, só não canso do seu desprezo,
Só não me canso do teu tédio,
De te ver agonizar sozinho o desejo de querer sua vida de volta.
Mas por mais ódio, não consigo sentir lhe mal,
Apenas desgosto, mas não o desejo a morte ou a podridão,
Nem que vermes passeiem pela sua careca enquanto dorme profundamente.
Por sou boa, porque te amo, apesar dos pesares,
Mas hoje, sou apenas uma passagem em sua vida e nada mais.
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