Loucura sadia


A manhã mal começou,

Levemente fria.

Um cigarro queima ante a fluoxetina.

Se eu fosse escrever uma história

Não seria minha

Pois a minha me pertence

E é exclusivamente minha.

Acordo, tão cedo para apenas prolongar o ar diurno.

E trabalhar meu cérebro nas minhas fantasias

Propósito esse, que mistura enjôo e euforia.

Não, eu preciso-me auto-biografar

Embriagada em minhas idéias

Soterrada em minhas emoções transbordadas

Uma agonia renitente enerva meus hormônios

Transformando, uma dádiva em maldição,

E eu sangro, não ainda.

Mas eu sangro, menos um ser humano no mundo.

Assim, me permite a dúvida: eu não sou seca!

Não desejo ser...

Com tanta imundície no mundo por quê

Haveria de querer uma prole?

Seres humanos são claustrofóbicos compulsivos,

E é por isso que se trancam em suas gaiolas

De cimento e concreto,

E quando decidem sair, num surto de pânico,

Ou histeria, encontram suas verdadeiras identidades,

No reflexo do outro.

A necessidade de se ser mais de um é complexa

Que decidem fecundar um óvulo no mundo.

E sorriem histericamente por isso.

Eu queria não enxergar nada disso,

Mas estou no topo do mundo,

Observando as lacunas dos seres humanos.

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