
A saudade me corta.
Como lâmina aprofundando em meu corpo
Como um abismo que, à gravidade, cede meus pés.
Mas, essa saudade, essa mesma, nunca saciada,
Nunca amenizada, sempre maltrata e mata.
A saudade é vaidosa.
Ela me deixa marcas sufocadas,
Ela me deixa em prantos corrompidos,
E a cada beijo e suspiro,
Ela se desmancha em laços de ternura.
A saudade é voluptuosa.
Ela me dói mãos e punho.
Dá-me prazer insano,
E leva de mim o único encanto,
Todo dia...
A saudade é masoquista.
Ela é pura meretriz de si mesma.
Ardilosa em suas artimanhas.
Sempre me embebedando em seus véus de satisfação,
Em seguida me lambe tudo.
Suprimida de dor, sorrindo loucamente,
Nua e sem rumo, à espera do tempo,
Um cigarro suave, um trago de vinho,
Pequena artéria aberta,
Ligamento de sensações, entre mim e o tédio encantador.
A saudade é inspiradora.
Enquanto você dorme,
Enquanto todos dormem,
Eu ouço a chuva deslizar na janela, e o quanto a solidão,
E quanto o seu perfume, a sua pele e delicadeza...
A saudade é uma vadia.
Vagabunda sem mãe, nem pai,
Prostituta sem homem,
Uma colombina apaixonada,
Com seu vestido às traças.
Saudade puta, ataca o peito.
Mas saudade é a golfada,
No meio do asfalto,
Com tanto álcool enrolado ao pescoço
E sofrimento impiedoso,
Dessa saudade perspicaz.
Saudade é uma Puta bandida
Perdida na rua, no lixo, na moral e bons costumes.
Delgada de brotoeja. sabe por quê?
Porque amanhã, ela morre atropelada, pelo seu ônibus.
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