
Nunca odiei a morte,
Pois sem ela, vida não há.
Odiava a despedida,
As idas sem volta.
As ruas da infância,
Onde a padaria, já é uma farmácia.
Ou a casa de esquina, que agora é mais nada.
A dissolução do passado em concreto e aço.
E eu me perguntei, onde estão todos?
Aquele que corria de bermuda vermelha,
A senhora dos pastéis na porta da escola,
A escola, o túnel, minha casa.
Tudo mudou menos o mundo.
O mundo continua sempre o mesmo.
O bairro é o mesmo,
A cidade persiste,
Mas os rostos, quase sempre desaparecem.
Minha face, diante do espelho,
Mudou...
Em cada linha do meu rosto
Está a história do que se passou.
Em cada traço das minhas mãos,
Do sorriso desbotado,
Mudaram as portas, cadeados, fechaduras.
Mudaram crianças, brinquedos, viúvas.
Mas o que não mudou foi à forma como tudo vai,
Não mudou a mudança,
Pois nela tudo desfaz.










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