Análise poética de um eu insólito




Estou desesperada entre fluidos e nada!
Estou comendo minhas lembranças com azeite
E mergulhando em febre ardente para perceber!

Estou extasiado de mentiras e intrigas
Enfaixado em plumas ensangüentadas
Impregnado de vômito
Sufocado de palavras
Intoxicado de pecados
Estou suscitando meus sonhos
Trancafiando-os em potes de tinta guache
E espremendo até a última gota
Desesperadamente,
Para colorir essas páginas vazias
Para encontrá-las em lugar algum

Para existir algumas palavras
E não apenas imagens rabiscadas
Numa tarde qualquer
Em litros de leite quente.

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