o vomito do diabo



cuspindo e escarrando no seu jardim
em suas belas rosas vermelhas e amarelas
florescendo as verdades sempre em linha reta
para esquecer as cicatrizes do passado
ler a coluna de finados do jornal

na mediocre existencia
onde ninguem percebe sua ausencia
ao menos que sejam seus pais
para na morte ser representado

esta hipocrisia mundana
de dardos incestuosos
e putas que caminham à noite caçando vitimas
mas obscenidade é obsoleto

onde conduz o perigo à uma vala
de profundos misterios sedentos de maldade
que a luz do dia nao consegue capturar ao seu teto solar
nem a bela estatueta em sua casa vazia
poderia entregar-lhe uma boa inspiraçao

nessa inutilidade o pincel morre
numa conquista de sementes podres e inferteis
certa hostilidade habitual no olhar
que esfrega em sua cara uma agua suja e mucosa

mas a partir da noite voce esquece as violetas
apenas deseja sua morte
apenas carrega consigo a vingança
e pergunta-se porque

a paixao que o leva a vida se desfaz quando
para reconquistar a dama
o jovem vende a alma ao diabo
e com o escudo da mediunidade
guarda-se das dores

para encontrar a si mesmo
falsifica identidades
e para relembrar os devaneios
sente-se impiedoso

mas o crepusculo mostra sua indiferença
em reflexos por todos os lados
das clausuras descritas nos papeis
que estao totalmente modificadas

existe uma porçao de partituras
jogadas ao vento
pois a musica já nao é vida
musica é desespero de sofredores
e apenas o som de orgaos pulsando
e perdidos dentro de uma vida

e nao existe cura para doenças etérias
nem consome a custo sua imaginaçao
é o silencio que cabe na boca amaldiçoada
alma de Sua dama
que sempre busca
este é o seu ópio, o seu sucesso,
o vicio que roda em circulos

a melancolica despedida
partida sem sentido
saida trancada por cadeados invisiveis
os quais voce mesmo criou
numa tentativa de causar-se dor

um leve toque nas janelas e consegue enxergar
sua propria nostalgia
mas nao consegue libertar-se de si mesmo
nao pode perder-se nos seus proprios pensamentos
recusa-se a sentir os mais sublimes sentimentos
e busca o sonifero eterno dentro da garganta do diabo
que o devora e o vomita

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